Após fazer It Follows (2014), o diretor americano David Robert Mitchell resolveu ir para outro caminho se comparado ao seu último filme. Em O Mistério de Silver Lake, ele nos leva a um mistério muito louco que caminha por diversos momentos do cinema e da contemporaneidade, uma verdadeira mistura de gênero e de momentos da história do cinema, de uma forma não tão clara, mas que assim que se constrói a graça desse filme.
O nosso protagonista Sam (Andrew Garfield) se vê terrivelmente obcecado por sua vizinha que ele avista na piscina do seu apartamento, tem algum motivo para tal obsessão? Ou por ele se empenhar tão fortemente em descobrir o que de fato aconteceu com ela? Não. O desaparecimento de Sarah (Riley Keough), é um mero artifício narrativo para a jornada do nosso protagonista, uma jornada que vai de encontro com as maiores conspirações de Reddit que você pode conhecer.
Inicialmente a narrativa assume uma perspectiva vouyer, com o protagonista perseguindo um grupo de garotas, e sendo perseguido por algo que não sabemos o que é, assumindo essa visão hitcockiana e do cinema noir, o filme assimila essas características que instiga cada vez mais o espectador a imergir nesse mistério. A direção é muito perspicaz ao também nos apresentar as loucuras de conspiração acreditada pelo nosso protagonista, fazendo nos acreditarmos que tudo ali vai nos levar a alguma conclusão.
Nisso mora um dos grandes acertos do filme, essa mistura de gêneros, ora comedia, ora suspense, demostra uma inquietude do nosso protagonista que não consegue se focar em um momento sequer, ele vai atrás de pistas que muitas vezes não levam a lugar nenhum, mas nunca para, ele sempre vai atrás de algo novo, sempre vai de conectar pontos inexistentes. A direção do filme entende isso muda muitas vezes de estilo, seja na própria fotografia que em muito momentos lembra muito Cidade dos Sonhos (2001), que mostra essa Los Angeles fantasiosa que parece também um personagem dessa historia.
Essa energia caótica e sem foco muito, poderia acabar estragando o andar da caruagem, mas apenas a fortalece por que é na loucura que esse filme se sente confortável. Essa busca estupida por sentindo onde não precisa ter, traz resultados que nós como espectadores e nem o protogonista espera, o que pode frustrar, mas nada importa, porque nada que o protogonista descobre importa, são informações que nos levam a conclusões diversas, nunca indo para uma direção, mas para várias que são preenchidas com a imaginação.
Além de qualquer coisa, O Mistério de Silver Lake é um filme burro, mas eficiente em ser burro, trabalha com a ironia da burrice. O final de toda essa aventura maluca é quase como um contraste para toda essa loucura, mas que, ao mesmo tempo, é digno disso tudo, pois afinal o que você faz com o tamanho de informação que você é exposto? nada, apenas continuar a viver.